Namorado disse que soube que Wesley mantinha relações sexuais com outras pessoas, além dos abusos que fazia com os pacientes
O namorado do técnico de enfermagem Wesley da Silva Ferreira, de 25 anos, descobriu todos os crimes que ele cometia há uma semana. O rapaz, que tem 24 anos, disse em depoimento, que os dois estavam juntos há oito meses, mas que começou a desconfiar de Wesley recentemente.
No depoimento, o então namorado de Wesley disse à polícia que descobriu tudo na terça-feira passada (dia 22 de outubro). Ele disse que pegou o celular do técnico de enfermagem e viu os vídeos.
“A partir do momento em que peguei o celular dele, eu vi que ele quase me traía todo dia. Tinha muito vídeo, muito, muito, muito. Os vídeos eram recentes. O que eu peguei era do mesmo dia que ele tava me traindo. Foi na terça-feira, dia 22 […]. Eu fui contestar ele para saber se era verdade, e ele dizia que era mentira, coisa da minha cabeça”contou o rapaz, de 24 anos.
O rapaz disse que alguns dos vídeos eram de relações normais. Como os dois moravam juntos, ele chegou a trancar Wesley em casa para conseguir acessar o celular e ver o conteúdo.
“Ele estava fazendo café e eu estava na sala. Fui quietinho beirando a porta, saí do apartamento e tranquei ele no apartamento. Saí correndo com o celular dele. Eu fiquei escondido em um posto de gasolina e comecei a ver o celular”.
Ao ver com calma o celular de Wesley, o namorado encontrou os vídeos dos crimes. Foi aí que viu o pior do conteúdo.
“Eu vi ele passando a mão nos pacientes, chupando os pacientes. Isso eu vi nos vídeos por cima enquanto eu estava em casa. Vi fotos de pelo uns quatro pacientes”.
Quando questionado pela delegada o que o rapaz sabia sobre Wesley, o namorado disse que soube que ele mantinha relações sexuais com outras pessoas, além dos absusos que fazia com os pacientes.
O rapaz contou que Wesley chegou a trabalhar em outros três hospitais, um deles na Região Metropolitana de Curitiba. Mas disse que quando conheceu Wesley, ele já estava concursado na UPA e trabalhava no HPP.
No depoimento, o rapaz contou que não sabia ao certo sobre desde quando Wesley sabia que vivia com o HIV. Ele disse que percebeu que havia algo errado depois que o namorado passava mal constantemente.
“Ele ficava muito doente, direto. Eu perguntei há quanto tempo ele não fazia os exames. Ele disse: ‘Ah, há um ano e meio’. Eu falei: ‘Tá, como uma pessoa da área da saúde não faz os exames assim?’. De tanto eu insistir, ele foi e fez os exames. Eu perguntava se já tinha saído o resultado e ele repetia que não”.
O jovem teve problema de saúde e precisou de atendimento médico. Ao ser atendido pela mesma médica que Wesley, ele desconfiou que algo estava errado.
“Conversando com ela [médica] e tudo mais, ela me disse: ‘Você tá usando PREP [profilaxia pré-exposição] né? Ah, vamos ver aqui se seu namorado tá seguindo o tratamento direitinho. Eu disse: ‘Não, por quê?’. Ela me olhou com uma cara sabe… Aí disse: ‘Nada não. Só converse com seu namorado!’”destacou o namorado do rapaz.
O rapaz conversou com Wesley, que confirmou que o exame havia dado positivo. Apesar disso, à polícia, o técnico de enfermagem disse que sabia que vivia com o vírus desde 2019.
Em depoimento, o rapaz também disse que não sabia se Wesley transava com outras pessoas e abusava dos pacientes para transmitir o vírus. Apesar disso, contou que o técnico de enfermagem tinha trazido homens para relações (o casal tinha aberto a relação) e sabia que eles tinham HIV.
“Ele disse que sabia quem tinha HIV e quem não tinha em Curitiba, porque acessava o sistema […]. Por que ele não me contou?”.
O namorado não sabe se Wesley passou HIV para ele, mas não descarta a possibilidade, pois antes de conhecê-lo tomava PREP, mas parou depois que os dois começaram a namorar.
Wesley da Silva Ferreira foi preso nesta quarta-feira (30), suspeito de abusar de pelo menos quatro pacientes na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Cidade Industrial de Curitiba (CIC).
O técnico de enfermagem foi demitido da Prefeitura de Curitiba. Wesley também era funcionário do Hospital Pequeno Príncipe (HPP), de onde também foi demitido.